As avaliações sobre a Copa do Mundo 2014 eram bastante
divergentes. A presidente Dilma Roussef e seus apoiadores diziam que
esta seria a “Copa das Copas”; para os oposicionistas seria o
prenúncio do caos e de um vexame internacional; para setores
radicias do movimento social a coisa era colocada nos termos do grito
de guerra “não vai ter Copa”. Aparentemente só sobrava de
positivo o favoritismo da seleção canarinho – o que era
reconhecido pelas bolsas de apostas mundo afora.
Aliás, a julgar pelo artigo de César Felício (Brasil na Copa:
welcome to the jungle – Valor Econômico pág. A9, 12 de junho de
2014) o clima de pessimismo era geral. No texto o jornalista relata
encontro da presidente Dilma com correspondentes estrangeiros,
ocorrido em 3 de junho: “Mas dos 21 meios de comunicação que
escreveram sobre o país nos últimos dias, mesmo depois do exercício
de sedução de Dilma, 19 publicaram análises negativas”.
Para explicar esta visão o ex-presidente Lula advoga a tese de
que o oposicionismo da imprensa brasileira contaminou a estrangeira.
Em almoço realizado em 24 de julho em São Paulo com empresários e
diplomatas do exterior, Lula afirmou que “Quando eu ganhei as
eleições, as pessoas levantavam muita dúvida se o Lula ia ter
condições de governar o país. É a mesma coisa com relação à
Copa. Agora eu tenho recebido notícias de que os mesmos jornais, os
mesmos estrangeiros que diziam que a Copa não ia acontecer, agora
estão se rendendo.” (Valor Econômico pág. A11, 25 de junho).
Por tudo isto, o Mundial começou sob tensão. Mas, iniciada as
partidas, a coisa foi se reconfigurando, as boas notícias aparecendo
e surpreendendo.
Uma delas aconteceu no setor de turismo. O Boletim de Desempenho
Econômico do Turismo, apresenta pesquisa feita pelo Ministério do
Turismo e pela Fundação Getúlio Vargas – FGV, que relata
crescimento de 7,1% no trimestre (janeiro/março) em comparação ao
mesmo período do ano passado, um crescimento muito acima das mais
otimistas perspectivas para o PIB. Este incremento é avaliado pelos
empresários do setor como resultado da Copa, mesmo antes do evento
ter se iniciado.
Nas redes sociais a repercussão é impressionante. Segundo o
jornal Propaganda e Marketing (30 de junho) o Google registrou até
27 de junho cerca de 1,2 bilhão de buscas com a palavra Copa; o
twitter registrou mais de 300 milhões de tweets comentando o mundial
em duas semanas de jogos (o dobro do registrado nos Jogos Olímpicos
de 2012) e o Facebook anunciou que este é o evento mais popular da
história. Também foi noticiado que audiência da partida entre EUA
e Portugal foi maior do que a final da NBA (basquete) MLB (basebol).
Dentro do campo o sucesso também é inegável. As partidas estão
empolgantes e os resultados surpreenderam com a grande quantidade de
gols. Países sem grande tradição no esporte surpreenderam e alguns
tradicionais decepcionaram. A Espanha que o diga.
Infelizmente, uma surpresa negativa foi a instabilidade da seleção
brasileira em sua própria casa, o que tem trazido apreensão à
torcida. Definitivamente esta é a Copa das surpresas.
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