Há várias semanas nas redes sociais, principalmente as ligadas
aos militantes petistas, vem ocorrendo um debate sobre a conveniência
de se aliar aos partidos golpistas para a escolha do presidente da
Câmara dos Deputados. Os defensores da ideia alegam que o PT, como
segunda bancada da casa, asseguraria assim presença na mesa diretora
e na presidência de algumas comissões importantes, o que lhe daria
algum poder de influenciar o ritmo e a pauta de votação.
Esse “excesso de pragmatismo” foi duramente criticado por
militantes e parlamentares contrários ao acordo. Chamado a opinar
sobre o caso, o Diretório Nacional aprovou uma resolução com
recomendações gerais que, na prática, deixa a decisão para a
bancada mas abre a possibilidade de concretizar o acordo.
Não me parece necessário discutir os motivos daqueles que, por
princípio, são contrários a qualquer negociação com os
golpistas. No entanto, examinar as possíveis “vantagens” da
aliança com a direita é um exercício interessante. A maior delas
já foi apresentada; os cargos e o poder que eventualmente pode-se
obter sobre o funcionamento da casa e, assim, fazer uma espécie de
“resistência” interna aos desmandos da maioria.
A questão importante é; na atual conjuntura política isso chega
a ser uma vantagem?
As esquerdas estão isoladas no parlamento e cargos não afetarão
essa realidade. Somente uma nova eleição recompondo os poderes
Legislativo e Executivo com quadros mais progressistas pode alterar
essa situação. Por enquanto, continuaremos a reboque da direita.
Este acordo com os partidos tradicionais, em uma realidade de
manipulação e embustes midiáticos não pode se voltar contra o
projeto político do PT a partir desta aliança, no mínimo,
polêmica?
O PT está às vésperas de um novo Congresso que pretende
realinhar o partido para enfrentar os próximos desafios políticos e
sociais e fortalecê-lo para recuperar a representatividade eleitoral
perdida no último pleito municipal. Como os futuros dirigentes vão
conduzir o partido a partir dessa aliança que mais divide as forças
do que unifica?
Em 2018 haverá uma nova e importante eleição que poderá
definir qual o espaço que o PT ocupará no Brasil dos próximos
anos. O discurso petista do momento é o de empoderamento das bases
para construir uma militância aguerrida e retomar o protagonismo
eleitoral e político do partido. Como a militância vai reagir a uma
aliança com os golpistas neste momento de reorganização da sigla?
Ficam as dúvidas: existe algum projeto mais consistente por trás
dessa aliança ou trata-se realmente de um movimento imediatista?
Vale a pena arriscar o futuro para ocupar alguns cargos por alguns
meses em uma conjuntura desfavorável? Como os eleitores reagirão em
2018 frente aos candidatos petistas a partir dessa aliança?
A resposta a estas e outras perguntas precisa ser dada nos
próximos dias sob pena de comprometer todo o projeto político de
uma geração.
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